terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Judoca e policial militar conta a sua trajetória de 32 anos nos tatames.

19/01/2010
Sorocaba - SP

Mário Sabino Júnior

Judoca e policial militar conta a sua trajetória de 32 anos nos tatames, revela que carreira começou depois de recomendação médica e fala dos muitos títulos


Garoto franzino, ainda com 5 anos, Mário Sabino Júnior foi aconselhado por um médico a praticar esportes para ajudar no seu desenvolvimento físico. Na época, ele não gostava muito de ir aos tatames e pular na piscina do Sesi (Serviço Social da Indústria), onde encaixava seus primeiros golpes e dava trabalho à família para vestir o quimono.

Passados três anos, Sabino já estava competindo. Ele ganhou a primeira de suas 496 medalhas de forma curiosa. O atleta admite que não sabia muito sobre judô. O ano era 1980. “Ganhei o ouro, mas não sabia o que estava fazendo. Não tinha noção dos pontos”, lembra, quase às gargalhadas.

No entanto, ele reconhece que essa conquista, em um campeonato disputado em Jaú, foi o ponto fundamental para que ele seguisse lutando. O judoca garante que pegou gosto após a curiosa vitória.

A partir daí os títulos não pararam de aparecer. Na década de 90, Sabino começou a disputar Jogos Regionais e Abertos por Bauru. Ele ganhou 15 medalhas defendendo as cores da cidade nessas competições.

No entanto, como o apoio ao esporte na cidade era (e ainda é) muito fraco, ele teve que optar por uma segunda carreira para conseguir se manter praticando o judô.

Por isso a decisão de prestar concurso para a Polícia Militar. Desde então, Sabino faz parte da corporação em Bauru e divide os tatames com a farda da PM.

“A gente tira leite de pedra. Se o esporte desse condições de vida, poderia ter me dedicado só a ele durante a carreira”, lamenta, referindo-se à dupla jornada.

Em 2000, deixou de competir por Bauru, também por falta de apoio. Foi para Santos, mas em seguida transferiu-se para São Caetano, equipe por onde competiu até o ano passado e ainda tem a possibilidade de renovar o contrato.

O esforço valeu a pena para ele, que passou a competir em alto nível e não demorou para ser convocado para a seleção brasileira. O atleta foi bicampeão mundial militar em 2000 e 2001. Em seguida, venceu o Pan-Americano de 2003, em Santo Domingo, República Dominicana, além de faturar o bronze no mundial de Suzuka, no Japão.

“Também ganhei títulos em vários campeonatos do circuito europeu”, lembra. Depois da disputa de dois Jogos Olímpicos, a carreira de atleta na seleção brasileira encerrou-se em 2005.

Agora com 37 anos, Mário Sabino tem um desafio diferente pela frente. Ele é o técnico da seleção brasileira militar, que disputará o campeonato mundial do Azerbaijão, em novembro.

Ele conta que grande parte dos atletas selecionados para as disputas militares faz parte da seleção permanente. Leandro Guilheiro e Flávio Canto são os exemplos. “Isso me deixa muito perto da seleção. A base dela é quase a mesma da seleção mundial”, comemora.

Em 2011, o país receberá os Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro, e Mário Sabino espera comandar o judô.


Medalha nos Jogos Olímpicos escapou
Em uma carreira com tantas conquistas e sucesso, Mário Sabino fala com saudades – e um pouco de frustração – da sua experiência em dois Jogos Olímpicos (Sidney 2000 e Atenas 2004). Ele não conseguiu conquistar uma medalha.

Curiosamente, perdeu para o mesmo adversário nas duas vezes, o israelense Ariel Ziev.

Na primeira disputa, em 2000, chegou à final da repescagem, mas acabou derrotado e ficou com o sétimo lugar. “Nessa época pouca gente me conhecia”, diz.

Quatro anos depois, já como cabeça-de-chave das Olimpíadas, e um dos favoritos à conquista do ouro, teve o azar de encontrar Ariel de novo, dessa vez já na primeira luta. Acabou eliminado novamente.

“Isso dói. Não tem jeito. Você sente que poderia ter sido medalhista e não foi. É uma frustração grande. A medalha das Olimpíadas vale mais do que a do mundial”, lamenta.

Agora, Mário Sabino tem um novo sonho: ser o técnico da seleção brasileira nas Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro.

Antes disso, o judoca e policial militar bauruense pensa em concluir o seu curso de Educação Física, na FIB (Faculdades Integradas de Bauru). A carreira militar também é uma meta. “Eu gosto e sempre vou levar isso comigo”, garante.

Questionado se ainda sonha em encerrar a carreira disputando uma competição por Bauru, Mário Sabino não descarta a possibilidade. Ele afirma, no entanto, que vai conversar com São Caetano, clube pelo qual disputou dez temporadas completas, para ver se permanece por mais um ano.

Recentemente, o judoca foi convidado para ser Secretário de Esportes de Bauru. Por ser policial militar, ele só seria liberado com a autorização do governo do Estado, o que acabou não acontecendo. “Esse convite me pegou de surpresa”, reconhece.

Sobre a carreira dentro dos tatames, ele comemora a possibilidade de ter aprendido uma boa filosofia de vida, com respeito aos adversários, além é claro das conquistas. “O judô é tudo na minha vida”,


Quem É
Nome: Mário Sabino Júnior
Idade: 37 anos
Profissão: Policial Militar
Cidade onde nasceu: Bauru, na Bela Vista

Títulos: campeão dos Jogos Pan-Americanos da República Dominicana (2003), bronze no campeonato mundial do Japão (2003), bicampeão mundial militar (2000 e 2001), 16 vezes campeão dos Jogos Abertos (oito em equipes e oito na disputa individual) e cinco vezes campeão brasileiro

Equipe atual: disputa competições por São Caetano desde 2000

Bruno Mestrinelli
Agência BOM DIA

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