Rio de Janeiro - RJ
Germano, Vania, Adriana, Jaqueline e Denise atuam há um ano como voluntários na E.M. Costa do Marfim, no Batan
Adriana dá aulas de balé. Germano ensina judô. Vânia se encarrega do reforço em Matemática, e Jaqueline e Denise são mães educadoras. Afastados das salas de aula por medo da violência em favelas cariocas, os voluntários estão retomando o caminho em direção às escolas situadas em comunidades beneficiadas pelas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Em 270 escolas municipais, 1.350 voluntários dedicam horas do seu tempo para melhorar a qualidade do ensino em regiões carentes do Rio de Janeiro.
A professora de música, o estudante de Educação Física, a contadora e as donas de casa trabalham, há um ano, na Escola Municipal Costa do Marfim, no Jardim Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio, onde se dividem entre 544 crianças. Nesse período, conseguiram conter a indisciplina e a agressividade dos alunos e melhorar o desempenho escolar. No ano passado, os alunos pontuaram acima da média nacional na Prova Brasil. A avaliação do Ministério da Educação (MEC) mede o nível de aprendizado em português e matemática no Ensino Fundamental. Os estudantes do 1º ao 5º ano do Batan tiraram 194,07 no primeiro exame e 212,59, no segundo. A média do Brasil ficou em 186,22 e 207,13, respectivamente.
Pelo trabalho, eles recebem R$ 100 por 12 horas mensais para gastos com lanche e transporte. "Não me importo de deixar de fazer outras coisas para estar aqui. A alegria deles paga tudo", diz a contadora Vania Rangel, 44. Além de universitários e profissionais, todas as 150 Escolas do Amanhã contam com a ajuda de três mães voluntárias, como Denise Barros, 38, que deu à luz Gabriel, 11, aluno da Costa do Marfim. "Ajudo na cozinha, distribuo uniformes, sirvo lanche e evito o desperdício. Se precisar até corto a carne. Ninguém manda. Faço com gosto", diz ela.
No outro lado da cidade, Anderson Luiz Costa, 34 anos, ex-aluno do Ciep Luiz Carlos Prestes, na Cidade de Deus, dá aulas de capoeira na unidade. "Essas crianças, como o meu filho, estão tendo a oportunidade que eu não tive. Eu adorava estudar. Mas, quando traficante morria, tinha que fechar a escola. Graças a Deus, isso acabou", diz.
"Antes eu achava que criança carente era aquela que passava fome. Hoje descobri que são carentes de carinho e atenção. Os pais não perguntam sobre o que eles querem ser no futuro. Quando comecei a ser voluntária, só queriam dançar funk. Não havia disciplina para o balé clássico. Agora o comportamento melhorou, até em casa. A dança estimulou a vaidade, trouxe mais equilíbrio", comentou a professora de dança, Adriana Xavier.
O Dia - Divulgação JUDÔinforme
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