Palmas - TO
Uchida e Luís Alberto: Multiplicadores do kata no Brasil
O Judô brasileiro não é reconhecido no mundo do esporte apenas pelas medalhas olímpicas e mundiais conquistadas pelos atletas da seleção. Luís Alberto dos Santos e Rioiti Uchida são referências em qualquer debate onde o tema seja katas.
Campeões mundiais, panamericanos e sulamericanos em katas diversos e por inúmeras vezes, a dupla já ajudou na formação de um incontável número de faixas pretas e dans superiores. O resultado de tanta dedicação foi o reconhecimento por parte da CBJ em criar um departamento para tratar exclusivamente da padronização dos katas no Brasil.
Em entrevista para Fred Guerra, Luís Alberto esclareceu alguns pontos do projeto.
Fred Guerra: Qual a importância de uma padronização nacional de execução dos katas?
LA: O mais importante é suprir a carência das federações. Infelizmente a maioria das federações não realiza exames de altas graduações por não terem professores para ensinar o kata exigido para o exame. Também não existe um modelo único que todas as federações seguem. Ao longo de dez anos competindo internacionalmente, adquirimos muita experiência e vimos muita coisa interessante. Toda essa bagagem não pode ficar só comigo e com o sensei Uchida, temos o compromisso de compartilhar com toda a comunidade judoística. Esclarecer e demonstrar como cada kata deve ser executado, será o método usado durante os cursos.
FG: Qual a importância de uma competição exclusivamente de katas, e não inserida em outras competições?
LA: Um campeonato nacional exclusivamente de kata, sem dúvida alguma, tem um prestígio muito maior. Todos os participantes vão se preparar somente para o kata, sem outras preocupações como, por exemplo, o horário da pesagem e o sorteio das chaves do shiai.
FG: O torneio nacional poderá ser seletiva para o mundial de katas?
LA: O campeonato nacional vai ranquear todas as duplas participantes em cada kata. A partir deste ranqueamento, a ideia é proporcionar treinamento e viabilizar participações em competições internacionais. Novas duplas devem adquirir experiência para representar o Brasil em bom nível e com reais chances de classificação.
FG: Alguns judocas esquecem que o treino de katas é parte do treino de Judô. O senhor acha que estas novas medidas podem contribuir com o nível técnico competitivo dos nossos atletas?
LA: Como já dizia o grande mestre Jigoro Kano, o Judô é praticado de três maneiras: Kata, Randori e Shiai. Toda escola clássica de Judô tem o kata em algum momento do treinamento. As regras do shiai estão sofrendo mudanças radicais com o objetivo de resgatar o Judô técnico e plástico. Através da prática do kata isso será possível.
FG: A partir de que faixa o senhor considera aconselhável os primeiros contatos com o estudo dos katas?
LA: Vou falar por experiência própria. Quando eu era faixa amarela, tive os primeiros contatos com o Nage no Kata, meu professor ensinava até o Uchimata. Acho importante ter um bom método pedagógico, saber avaliar em qual nível a informação deve ser passada e como realizar os treinamentos.
FG: A intenção é uma primeira competição nacional nestes moldes já em 2011. O que muda na vida prática de judocas e federações no tocante à preparação para exames e competições?
LA: Vamos iniciar os encontros na própria sede da CBJ, depois ficaremos à disposição das federações. Toda federação interessada em ter um curso (Nage no Kata, Katame no Kata, Ju no Kata, Kime no Kata, Kodokan Goshinjutsu, Koshiki no Kata e Itsutsu no Kata), vai solicitar e agendar, assim estaremos mais próximos das necessidades e da realidade de cada região. Estou bastante empolgado com essa minha nova atuação, depois de uma década treinando, estudando, pesquisando e competindo kata chegou a hora de ir para os bastidores. (Por Fred Guerra)
Divulgação JUDÔinforme
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