Rio de Janeiro - RJ
Sonhando acordado
Pablo, de 7 anos, recebe o certificado das mãos do Presidente Lula e do Governador Sérgio Cabral | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Pai dos irmãos campeões de judô, o sucateiro Eduardo Moura Nunes, 30 anos, reconheceu ontem que a família — descoberta pelo ‘Ataque’ morando nas ruínas do prédio 220 na Avenida Paulo de Frontin, no Estácio — está aprendendo a conviver com a sensação de sucesso misturada ao medo de decepcionar as pessoas que se sensibilizaram com a história das crianças Taynara, 12, Eduarda, 11, e Pablo de Oliveira Moura, 7 anos.
“Sempre fui desorganizado até porque me criei na rua e lá as regras de sobrevivência são outras. Não tinha essa noção de como as coisas funcionam. É muita etapa para ser queimada ao mesmo tempo, mas a gente chega lá, embora meus filhos também estejam deslumbrados”, admitiu Eduardo, que fatura cerca de R$ 10 por dia revirando lixeiras, em busca de sucatas nas ruas Dr. Satamini e Haddock Lobo, na Tijuca.
Para Eduardo, a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dando colo ao pequeno Pablo, de 7 anos, é uma cena inesquecível. “Naquele dia, chorei sozinho em casa, agarrado ao travesseiro, enquanto eles estavam lá na Rocinha, sendo abraçados pelo Lula”, revelou, ainda emocionado.
O assédio de jornalistas também alterou a rotina do mestre Orlando Araújo, que treina os judocas. Hoje, ele concede entrevista à TV Record. Quarta-feira, foi aos estúdios do canal SporTV.
“Estou preocupado porque até agora as crianças não fizeram o exame médico para se matricular na escola, e as aulas começam na próxima segunda-feira", alertou o professor.
A diretora pedagógica do Colégio Santa Mônica, Fátima Denise Nunes, confirmou que sem o atestado não é possível fazer a matrícula. A escola ofereceu bolsa de estudos aos três irmãos até o Pré-Vestibular.
Eduardo volta ao tatame
Grande incentivador dos filhos Taynara, Eduarda e Pablo na prática de esporte, Eduardo Moura conseguiu voltar ao tatame depois de ver os filhos encaminhados.
“Agora já voltei a treinar, vendo os garotos de escola nova, com ajuda para o esporte também. Posso dar uma relaxada”, comenta o sucateiro. Para Eduardo seu exemplo serviu para que os filhos tivessem disciplina e não deixassem para trás nem os estudos nem o judô, que lhes dava força para enfrentar as dificuldades.
“Vou voltar a treinar com eles. A minha cobrança é grande e espero que eles melhorem ainda mais”, disse.
Diogo Dantas e Ricardo Albuquerque - Divulgação JUDÔinforme
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