quinta-feira, 18 de março de 2010

Saiba sobre a vida complicada do judoca Marcelo Dourado do BBB10.

18/03/2010
Rio de Janeiro - RJ

Entre um BBB e outro
Depois de deixar o bbb4 com 60% de rejeição, em 2004, Marcelo Dourado conquista fãs e desafetos como o participante mais polêmico da 10ª edição do Big Brother Brasil. Saiba o que aconteceu na vida dele nos últimos seis anos

Em sua primeira participação no Big Brother Brasil, na quarta edição do programa, em 2004, Marcelo Dourado deixou a disputa com 60% de reprovação. “Estou livre desse hospício”, desdenhou o gaúcho, na época. De volta ao reality show seis anos depois, o lutador divide opiniões. Ao mesmo tempo em que é um dos favoritos para levar o prêmio de 1,5 milhão de reais, é criticado por opiniões controversas e considerado homofóbico pelo movimento gay. E a nova chance sob os holofotes vem em boa hora: no período em que esteve longe dos olhares de milhões de brasileiros, Dourado, hoje com 37 anos, tentou se estabelecer no Rio de Janeiro, perdeu tudo que tinha ao tentar a vida como lutador na Nova Zelândia e, de volta ao Rio, mudou-se para uma favela carioca, conhecida pelo nome de Terreirão.
A viagem para a Nova Zelândia foi no início de 2009. “Até o ajudei com uma grana”, diz o antropólogo e ator Ivan Dourado, de 27 anos, irmão por parte de pai do BBB. A aventura do outro lado do mundo não deu certo. “Ele teve que vender o iPod e um videogame que comprou para pagar as dívidas”, revela Ivan. Para se sustentar na Nova Zelândia, o lutador trabalhou numa exportadora de kiwi, carregando caixas, e foi segurança de boate. Sem perspectivas e sem dinheiro, voltou ao Brasil três meses depois. Passou um tempo na casa de amigos e, em maio daquele ano, mudou-se para a Favela do Terreirão, onde morava em um apartamento popular. Seis meses depois, mudou-se para um prédio um pouco melhor, na mesma comunidade. Passou a viver das aulas de judô e de boxe que dava em academias no Recreio, na Barra e em Jacarepaguá, bairros da Zona Oeste do Rio.

Segundo o pai de Dourado, Marco Antônio, o filho mudou muito de comportamento entre um BBB e outro. “Em uma terra estranha, como o Rio, ele sofreu bastante e aprendeu. Não mudou sua personalidade, mas acho que ele está mais carioca, soube se adaptar às mudanças”, disse Marco a QUEM. Segundo ele, o filho é um homem com “valores antigos”.

NAS ACADEMIAS DA VIDA
Embora tenha ficado conhecido como o moicano do BBB, Dourado marcou presença em eventos, mas não conseguiu ganhar muito dinheiro após ser eliminado em 2004. Em dezembro de 2005, foi detido com um grupo de 27 pessoas durante uma rave, no Riocentro, Zona Oeste do Rio, acusado de ter consumido drogas. Acabou liberado no dia seguinte, não sem antes ter sido fotografado a caminho da delegacia. Em 2006, com currículo nas mãos, procurou emprego na Academia Universidade do Corpo (atual A!Body Tech). “Fiquei receoso de contratá-lo, não acreditei que pudesse levar a sério, mas resolvi dar uma chance”, afirma Daniel Guimarães, coordenador da A!Body Tech, academia em que Dourado também trabalhou. Na época, como professor, ele ganhava cerca de 25 a 30 reais por hora/aula, trabalhava três vezes por semana das 9 às 21h, e complementava a renda com trabalhos de personal trainer e lutas de vale-tudo, nas quais nem sempre vencia. “Ele parece fortão na TV, mas é magrelo e todo ruim de saúde. Tem asma, hérnia de disco e a coluna toda ferrada. Por isso que não aguenta as provas de resistência no programa”, explica Tânia Marques Marine, ex-aluna.

Amigo e substituto de Dourado na Rio Sport Center, outra academia em que o gaúcho trabalhava, Keké Viana conta que o lutador vivia à base de paçoca, pé-de-moleque, água e um sanduíche que os amigos chamam de “podrão”, que ele comprava num trailer ao lado de casa.

VIDA AMOROSA
No confinamento atual, onde está há mais de dois meses, Dourado não se envolveu com nenhuma das outras concorrentes ao prêmio de 1,5 milhão de reais. A provável explicação para a abstinência forçada está fora da casa. Companheiro de profissão e de baladas de música eletrônica, o personal trainer Pedro Guedes afirma que o amigo sempre foi muito discreto, inclusive diante do assédio das mulheres. “Ele é muito na dele. Quando a mulherada dava em cima, ele ficava tímido. Logo depois, ele começou a namorar a Erika, e só saía com ela. Ele gosta muito dela”, diz Pedro, referindo-se à comerciante Erika Barrosa, 31 anos, mãe de uma menina de 7, e que chegou a ir a um dos quatro paredões de que Dourado participou nesta sua segunda passagem pela casa do BBB. Lá dentro, ele praticamente não fala da moça. Os dois estão juntos há cinco anos e, segundo amigos do casal, ela sempre incentivou o namorado. “Erika é um amor de pessoa, fez muito bem para o meu irmão, o acolheu. Ele sempre falou muito bem dela”, conta Ivan, que diz que, por trás do jeito aparentemente rude do irmão, tem uma pessoa sensível e até romântica. “Ele sempre foi um cara muito gentil e extremamente carinhoso com as namoradas.”

INIMIGO PÚBLICO
Dentre as várias polêmicas encabeçadas por Dourado na edição atual do BBB, a que mais repercutiu, dentro e fora do Brasil, foi uma declaração na qual o gaúcho afirmou que heterossexuais não contraem o vírus da Aids. A afirmação gerou uma série de protestos (veja outras declarações polêmicas no quadro ao lado). “Essa frase de Dourado é equivocada e preconceituosa, é claro. Mas o líder fascista também se caracteriza por carisma capaz de levar as massas a engolir mentiras como se fossem verdades”, disse a QUEM o jornalista Jean Wyllys, gay assumido e vencedor da quinta edição do BBB. O psiquiatra Marcelo Arantes, participante do Big Brother Brasil 8, acredita que as opiniões polêmicas fazem parte de uma estratégia de marketing do gaúcho. “Dourado sabe que foi inserido num ‘BBB gay’ justamente por seu comportamento homofóbico, por isso tem necessidade de reforçá-lo. Mas às vezes extrapola, com comentários tolos ou que demonstram ignorância.”

Na coluna do amigo David Brazil, no jornal Meia Hora, a atriz Susana Vieira confessou que está na torcida para eliminá-lo. “Eu acho inadmissível que, em pleno ano de 2010, uma pessoa violenta, preconceituosa e intimidadora como o Dourado entre na casa de milhões de brasileiros expondo seus conceitos e preconceitos absurdos. No último paredão, votei mais de 80 vezes para tirar esse rapaz da casa”, contou a atriz.

Uma das publicações gays mais importantes dos Estados Unidos, a revista Advocate acusou Dourado de homofobia e sugeriu que seus leitores votassem contra o candidato nos paredões. Popstar dos anos 80 e ícone gay, o cantor Boy George engrossou em seu Twitter a campanha contra Dourado. “Homofóbico é favorito no Big Brother Brazil. Brasileiros, votem para que esse homem que odeia gays saia da casa”, escreveu o cantor. “A aversão em relação ao afeto gay reflete o que eu sempre digo: todo machão que odeia gay tem dentro de si uma bicha louca acorrentada”, disse a QUEM o antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia.

AULAS DE DANÇA
A mãe de Dourado, Rose Porto Alegre, defende Dourado. Para ela, ele não é homofóbico. Astróloga, roteirista e coreógrafa, Rose disse a QUEM que o filho chegou a fazer aulas de dança, na pré-adolescência, em uma escola que mantinha. Ele participou das aulas até os 10 anos, quando optou pelo judô. “Qual o problema se ele não quer levar cantada de um homem?”, disse Rose, que se separou do pai de Dourado quando o rapaz tinha 14 anos.
“As pessoas me dizem que ele é o mais autêntico na casa”, afirma Janaína, 29 anos, irmã do BBB que trabalha como cabeleireira em um shopping na Zona Sul de Porto Alegre. Segundo ela, todos os dias uma fã a procura no salão para tirar fotos ou dizer que está torcendo pelo gaúcho. Estudante de letras e funcionário de uma loja de informática, Valentino Ceratti, 25, irmão por parte de mãe, diz que Dourado está mais preparado, em relação a sua primeira participação no programa. “Marcelo tem carisma e está se dando bem. Ele está bem maduro”, ressalta.

Essa mudança se reflete na conquista de admiradores – entre eles, famosos como o jogador Ronaldo, do Corinthians, o cantor Tico Santa Cruz e a atriz Juliana Paes. Um dos paredões com Dourado, quando ele venceu a disputa contra Cacau, marcou o recorde de todas as votações da história do programa, com 96 milhões de votos.

INFÂNCIA
Marcelo Dourado nasceu em Santiago, no Chile, na época em que os pais fugiram da ditadura militar no Brasil. “Sofri muito, mas já fui anistiado, já passou”, conta Marco Antônio Dourado. Quando Marcelo tinha 6 meses, a família voltou para Porto Alegre e o menino foi registrado no Brasil. Dourado morou na Rua Gonçalves Dias, no bairro de Menino Deus. Estudou na Escola Estadual Infante Dom Henrique, no mesmo bairro, e sempre teve o esporte presente em sua vida. Com 14 anos, quando sua mãe resolveu mudar de bairro, Dourado decidiu ficar no Menino Deus, por causa do judô e de sua turma de amigos. Lá, morou com a avó, Maria de Lourdes, a tia Rosângela e a prima Aline.

Na Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dourado teve contato com mais esportes, mas nunca abandonou o judô, cuja formação se iniciou com o professor Fernando Lemos, hoje aposentado e que vive em Florianópolis (SC), um dos incentivadores de Dourado a participar do BBB4. Formou-se em 1999 pela UFRGS e trabalhou em academias da capital gaúcha. Em 2003, com amigos, fundou a academia Nocaute, com foco nas lutas e artes marciais.

“É um cara de personalidade forte, muito amigo dos amigos”, diz o professor de judô Cid Corrêa Rodrigues Júnior, treinador do gaúcho de 1995 até participação dele no BBB4. “Marcelo é leal, correto e tem seus pontos de vista definidos”, acrescenta.

As declarações polêmicas:
— Dourado: “Hétero não pega Aids. Um homem transmite para outro homem, mas uma mulher não passa para o homem”.
— Elenita: “Dourado, se a pessoa tem Aids, ela vai passar e a quantidade de mulheres casadas que contraem a doença é enorme”.
— Dourado: “Se a mulher casada tem a doença é porque o marido dela foi errado e em algum momento foi bissexual”.
— Elenita: “Isso que você está falando é um retrocesso. A gente lutou tanto para que as pessoas soubessem da prevenção e você fala isso?”
— Dourado: “Eu não uso camisinha com as minhas namoradas e ninguém vai me fazer mudar isso”.

“Eu não gosto de imaginar dois homens ‘se pegando’.”
Ao justificar o fato de sair da mesa, dizendo estar com nojo, quando Serginho e Lia falavam sobre baladas gays

"Não acredito nisso. Vou sair daqui sem trabalho, sem amigo e sem moral.”
Depois que Pedro Bial brincou, dizendo que o participante Dicesar estava apaixonado por ele

"Não tenho diva nenhuma. Meu lado mulher é sapatão.”
Ao interromper Dicesar, que falava que “todos temos uma diva dentro da gente”

"O símbolo, por si só, não mata ninguém.”
Ao justificar a suástica que tem tatuada

"Poodle é bom para desestressar. Você chega em casa do serviço e ‘pá’ (faz um movimento como se estivesse chutando o animal).”

"Não gosto de ser chamado de gay, de neonazista e de ladrão.”

"Apesar de ser viado, você tem de tomar atitude de homem. Homem, seja homem!”
Durante discussão com Dicesar

Em Dezembro de 2005, o judoca foi preso por consumo de drogas com um grupo de amigos durante uma rave no Riocentro. Foi liberado no dia seguinte após passar a noite na delegacia.



Quem - Divulgação JUDÔinforme

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