quarta-feira, 3 de março de 2010

Somente após reportagem o governo do RJ decide ajudar jovens campeãs.

03/03/2010
Rio de Janeiro - RJ

Com dificuldade para se dedicar ao esporte, irmãos campeões que vivem em prédio invadido no Estácio vão ganhar bolsa de R$ 250, roupas e alimentação do governo do estado

Ippon! As medalhas conquistadas pela família de judocas campeões começaram a reluzir, fruto de um golpe que pode ser decisivo para o futuro das três promessas olímpicas. Menos de 24 horas após a reportagem do ATAQUE mostrar a realidade de Taynara, Eduarda e Pablo Oliveira Moura nos escombros de um prédio invadido no Estácio, o governo do estado decidiu apadrinhar as crianças. Por meio dos projetos Suderj Em Forma e Bolsa Atleta, os irmãos, filhos de um sucateiro, vão receber treinamento, roupa, alimentação e R$ 250 cada, por mês, de incentivo.

Eduardo Moura brinca com os filhos em casa | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia

O pequeno Pablo, 7 anos, é a única exceção: só terá direito ao apoio financeiro após ser registrado na Federação de Judô do Rio.

“Aleluia! Vou federar o Pablo, agora! Estou muito feliz com a notícia, mas não gostaria de ver meus alunos longe daqui. Creio que é uma questão de a gente conversar”, ponderou o mestre Orlando Araújo, 63, professor e descobridor dos talentos que colecionam títulos no judô nas categorias infantil e infanto-juvenil.

Alheia à restrição do técnico, a secretária estadual de Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins, promete estimular o imaginário das crianças com convites irrecusáveis. Segunda-feira, eles poderão conhecer o presidente Lula, o governador Sérgio Cabral e o medalhista olímpico Flávio Canto, na inauguração do PAC da Rocinha.

“Se tudo der certo, queremos eles participando do evento. Lá, haverá centros de excelência esportivo e um deles será de judô. O Flávio é uma referência para a criançada, por tudo que já conquistou”, explicou.

O outro convite também será especial. Em abril, o Maracanãzinho será o palco da comemoração do Suderj Em Forma, que ultrapassou a marca dos 100 mil jovens inscritos. Taynara, Eduarda e Pablo estão na lista dos homenageados. Em maio, durante o Grand Slam de Judô, eles terão direito a sentar na primeira fila para assistir à disputa internacional, uma das mais importantes do esporte.

Sem saber das novidades, Taynara reconheceu que sua responsabilidade é grande. Mais velha, ela toma conta dos irmãos e ajuda nas tarefas de casa.

“Quero ir às Olimpíadas, ter uma vida melhor, uma casa melhor”, admitiu. O maior trabalho é intervir nas brigas dos irmãos, que acontecem sobre uma cama de casal quebrada. “É o tatame da casa”, brinca Pablo, entregando a única brincadeira disponível sob um teto cheio de infiltrações com marcas de um incêndio.

FEDERAÇÃO ADMITE DIFICULDADES

O presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley, afirmou que a CBJ só assume responsabilidade sobre atletas a partir da categoria juvenil, quando os judocas atingem 15 anos. O dirigente elogiou a força de vontade da família e prometeu que, quando estiverem mais velhas, as promessas terão apoio.

“Terei orgulho de vê-los defendendo o Brasil. São exemplo de muita luta”.

A Federação de Judô do Estado do Rio, através de seu presidente, Francisco Grosso, explicou que mantém centros comunitários de judô e que a academia em que os irmãos têm aula possui benefícios, como isenção de taxa de inscrição, já que acolhe jovens carentes. Mas Grosso admite falta de apoio. “Às vezes a gente classifica algum atleta e ele não vai por falta de dinheiro”.
Diogo Dantas e Ricardo Albuquerque Divulgação JUDÔinforme

Um comentário:

  1. parabéns, ao judo carioca esse é o caminho aunião faz força. nossas crianças merecem respeito...

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