quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Prática de judô pode trazer bem-estar psicossocial para epilético.

11/02/2010
Maceió - AL

Muitas doenças podem predispor os indivíduos a alterações psicossociais. Conhecendo o benefício das artes marciais para a saúde física e mental, alguns sintomas desencadeados por essas doenças podem ser minimizados quando essas atividades forem praticadas regularmente.

Disciplina, respeito e autoconfiança são condições necessárias na prática de artes marciais. Das várias doenças que afetam a saúde mental do indivíduo, as consequências psicossociais em pessoas com epilepsia são significantes. Pessoas com epilepsia apresentam dificuldades emocionais como depressão, ansiedade, isolamento social e consequentemente uma diminuição da sua qualidade de vida. Efeitos positivos do exercício físico na epilepsia estão documentados (Arida et al., 2008/2009). Em artigo recente publicado na revista *Epilepsy and Behavior, propomos que a prática de judô pode contribuir para reduzir alguns das alterações psicossociais observadas em pessoas com epilepsia.

Judô significa caminho da suavidade (ju = suavidade; dô = caminho). Através do treinamento dos métodos de ataque e defesa pode-se adquirir qualidades favoráveis como condicionamento físico, espírito de luta e atitude moral. O judô é um esporte tradicional, popular e praticado por indivíduos de diferentes raças, origens, faixas etárias e classes sociais.

Além disso, não é raro em nosso meio de atuação profissional sermos abordados pelos pacientes com epilepsia a respeito da possibilidade dos mesmos praticarem algum tipo de esporte de contato, entre os quais se inclui o judô. Além da melhora da condição física, o judô desenvolve a autoestima, aumenta a confiança, a disciplina e o respeito.

Considerando que pesquisas têm mostrado uma diminuição da autoestima e confiança em indivíduos com epilepsia, o judô poderia ser uma ferramenta complementar para a recuperação de déficits físicos e psicológicos observados nessas pessoas. Por exemplo, um estudo mostrou que os efeitos positivos na autoestima foram maiores em indivíduos com epilepsia que apresentavam baixa autoestima no início de um programa de 12 semanas de exercício (McAuley et al., 2001). Nesse sentido, a prática de judô poderia ser adequada para a necessidade dessa população de indivíduos. Nossa experiência pessoal mostra que pessoas com epilepsia envolvidas com a prática regular de judô apresentam muitos dos benefícios citados acima.

Até o momento, nenhum estudo na literatura abordou com exatidão a relação entre epilepsia e a prática de judô. Das poucas investigações a esse respeito, um estudo mostrou que a frequência de crises epilépticas não aumentou durante a prática do judô (Baumann, 1999). Embora poucos estudos avaliaram o impacto do judô em pessoas com epilepsia, outras artes marciais como o karatê mostrou também ser uma intervenção efetiva. Tendências positivas foram observadas em crianças e adolescentes com epilepsia em vários domínios de qualidade de vida, particularmente em relação à ansiedade, socialização, atenção e concentração.

Apesar dos benefícios do judô em pessoas com epilepsia, não podemos necessariamente estender esses efeitos para todos os indivíduos com epilepsia. Precauções especiais devem ser tomadas para pessoas com crises frequentes. Entretanto, com supervisão adequada e precauções seguras, as pessoas com epilepsia podem praticar esta atividade esportiva. Futuros estudos com populações maiores de indivíduos com epilepsia poderão confirmar os construtivos efeitos psicossociais da prática do Judô como confiança, autodisciplina e autocontrole, independente do resultado da redução de crises epilépticas.
Por: Ricardo Arida/Vya Estelar Divulgação JUDÔinforme

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